domingo, 6 de junho de 2010
Alexandre Inagaki
Falamos em fazer amor, mas amor se faz? Amor sufoca, amor desatina, amor é martelo, sino retinindo, marcação constante que não dá brecha para contra-ataque, carrapato chupando sangue da pele. Amor-obsessão, amor torneira pingando: até quando, até quando, até quando? Amar é amargo, e promessas amorosas são voláteis. Amor maldito que invade pensamentos, amor que nos carcome paulatinamente, câncer faminto, "ácido de um sim negativo", vida que brota destruindo. Mas amar não é negar o medo, a razão, o tempo? Amar é afirmação nascida de negativas, e não amar é sofrer mais. Você me falava no amor livre e descompromissado dos hippies, mas a liberdade não estava na prisão dos teus braços? Bah, liberdade sem limites acaba em anarquia, niilismo estéril, suruba sem tesão. Amor é como uma fotografia que fixa limites para superá-los. Amor é renúncia a muitas coisas, mas também a maior transcendência que podemos almejar neste mundo. Amar é tornar dois um: mãe com seu filho no ventre. Amor é parto, é dor; e nascemos chorando.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário