segunda-feira, 26 de abril de 2010

Violette Leduc

Eu fazia-lhe perguntas, exigia silêncio. Nessa ladainha nos queixávamos, nos revelávamos atrizes natas. Nos apertávamos até a sufocação. Nossas mãos tremiam, nossos olhos se fechavam. Parávamos, recomeçávamos. Nossos braços pendiam, nossa pobreza nos maravilhava. Eu modelava seu ombro, queria para ela carícias rústicas, desejava sob minha mão um ombro fremente, uma casca. Ela fechava minha mão, alisava um cascalho. A ternura me cegava. Rosto no rosto, nos dizíamos não. Nos apertávamos pela última vez, uníamos dois troncos de árvore num só, éramos os primeiros e os últimos amantes como somos os primeiros e os últimos mortais quando descobrimos a morte.

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